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Se a sua vida ou a de alguém que conhece foi tocada pela dor do aborto,

Vinha de Raquel

Um caminho para recuperar a paz interior

A Vinha de Raquel

Tratamento do Síndroma Pós-Aborto

O Trauma ou Síndroma Pós-Aborto afecta uma percentagem elevada das mulheres envolvidas nesse acto. Os seus efeitos são devastadores: depressão, tentativas de suicídio, ansiedade, pânico, pesadelos... Tendo em conta que essa doença já afecta muita gente em Portugal, um conjunto de pessoas foi conhecer aos E.U.A. o retiro da "Vinha de Raquel". O retiro da "Vinha de Raquel", "uma jornada psicológica e espiritual para a cura do trauma pós-aborto", foi desenvolvido pela Prof. Drª. Theresa Karminski Burke juntamente com Barbara Cullen. A Drª Theresa Burke, doutorada em aconselhamento psicológico, é a fundadora do "Center for Post Abortion Healing" (Centro de Cura Pós-aborto) e especialista em problemas de mulheres, gestão da culpa, abuso sexual, ansiedade, desordens alimentares, e gravidez interrompida. Dá aconselhamento individual, conjugal, a grupos e em retiros. Frequentemente lecciona sobre o trauma e a cura pós-aborto e orienta seminários de formação para profissionais. Em conjunto com o seu marido Kevin, coordena a "Mother’s Home" (Casa da Mãe), uma residência para grávidas de risco nos arredores de Nova Iorque. No presente mês de Outubro vai-se realizar o primeiro retiro do género em Portugal. A esse propósito entrevistámos uma das organizadoras, a Drª Ana Luís da Silva.

 

Factos da Vida - Pode explicar-nos brevemente o que é o Trauma Pós-Aborto ou o Síndroma Pós-Aborto?
O Síndroma Pós-aborto consiste num conjunto de sintomas, de origem psicológica e espiritual, que vão desde a enxaqueca até às tentativas de suicídio, passando por pesadelos, alucinações e depressão grave, que ocorrem na mulher que abortou, ou ainda no pai da criança abortada, nos avós, amigos que aconselharam o aborto, e mesmo em médicos e pessoal auxiliar que tenha participado na sua realização. Se estes sintomas não forem tratados e, pelo contrário, forem reprimidos, prolongam-se e tendem a agravar-se com o decorrer do tempo e a minar todas as relações interpessoais: do casal entre si, dos pais com os filhos vivos, do médico com os seus pacientes.

FdV - O que são e qual a finalidade dos retiros "Vinha de Raquel"?
Os retiros "Vinha de Raquel" são retiros orientados para a cura psicológica e espiritual do Síndroma Pós-aborto. Na raiz deste síndroma está o sentimento de culpa e a culpa resulta do corte radical e violento da relação da mãe (ou do pai) com o seu filho e da relação da mulher com Deus, Criador da Vida.
Independentemente da sua crença religiosa – e sublinho isto – a mulher sente culpa, necessidade de perdão e, por outro lado, o sentimento de que não é merecedora de tal dádiva (não se perdoa a si mesma).
Os retiros "Vinha de Raquel" são a resposta da Igreja a este problema. Calcula-se que são praticados anualmente cerca de 60 milhões de abortos em todo o mundo... o que corresponde a um envolvimento neste flagelo de cerca de 240 milhões de pessoas por ano. Dá que pensar.

FdV – Os retiros são só para as mulheres que tenham abortado ou também para outras pessoas envolvidas nesse drama?
Os retiros "Vinha de Raquel" são indicados para a mulher que abortou, o pai da criança ou das crianças abortadas, ou outro familiar/amigo envolvido.
Os médicos e pessoal auxiliar necessitam de um tratamento específico (que também já existe, mas não em Portugal), através da Society of Centurions.

FdV – O Trauma Pós-aborto é algo assim tão intenso que não passe com o tempo e as distracções do dia-a-dia? Qual é a experiência das pessoas que frequentaram o retiro?
O Trauma Pós-aborto radica na relação biológica, psicológica e espiritual da mãe com o filho e, de um modo geral, de toda a pessoa humana com outra vida humana.
Quer aceitemos o dom da maternidade como dando à mulher um papel participante na criação da vida por vontade do Criador, quer o atribuamos a milhares de anos de especialização psicológica e física, a mulher está predisposta, pela sua natureza específica, para proteger, alimentar e cuidar do seu filho desde o momento da concepção. O seu corpo está preparado para acolher o novo ser humano e, não o podemos ignorar, o seu espírito também.
Por outro lado, todo o ser humano mentalmente equilibrado foi "programado" para respeitar e defender a vida humana, sobretudo a mais inocente e desprotegida.
A violência do aborto, que extermina o mais inocente e indefeso ser humano, faz da mulher outra vítima. Quer física, com sequelas que passam por infecções e esterilidade – Não há, de facto, aborto seguro. Porque o denominado "aborto legal", por oposição ao aborto clandestino também pode provocar estas sequelas – quer psicologicamente, com este síndroma.
Como já referi, o trauma da mulher que aborta não passa com o tempo ou com distracções. Ninguém tapa o sol com a peneira. O princípio da cura passa pela recordação da situação traumática que, consciente ou inconscientemente, se tenta esquecer. A aceitação da verdade leva à constatação de que se precisa de ajuda e, por sua vez, a aceitação dessa ajuda. Daí, passa-se pelo perdão, de Deus, do filho e de si própria, o reconhecimento daquela ou daquelas crianças como tendo existido e a sua dignificação como pessoas: com direito a um nome e a um lugar no coração da mãe que seja apenas seu. A mãe passará, ainda, pelo processo de luto, dignificará a morte dos seus filhos, prestando-lhes homenagem. Para a mulher que tem fé, ficará, ainda, com a certeza de que os seus filhos se encontram bem, junto de Deus.
A experiência dos retiros equivale a uma libertação. O aborto deixa de ser um peso insuportável, uma angústia permanente. O filho é humanizado, pelo que está "vivo" no coração de sua mãe. A mãe reconcilia-se com o seu filho, consigo própria e, muitas vezes, com Deus e com a Igreja. O nível de cura – e quem cura é Jesus Cristo, presente e actuante em todo o retiro – pode ser o princípio de uma caminhada de recuperação ou ser total. O sofrimento, a tristeza e o luto continuam a fazer parte da vida. Mas já não é a culpa sem perdão, a angústia sem fim.
A gravura que ilustra a capa de um dos livros de David Reardon representa a mulher que abortou, fechada num quarto escuro sem saídas. Uma mão rodeada de luz abriu um buraco numa parede do quarto e estende-se para a mulher encurralada. Com a vivência do retiro, a vítima salta para fora desse quarto sem luz, sem porta e sem janelas para a luz, a vida, a alegria de viver.

FdV – Alguns defensores do aborto dizem que o Trauma Pós-aborto só surge em mulheres imaturas ou fracas, já o ouvi de viva voz. Além de tal afirmação ser uma manifesta falta de respeito pelas mulheres cujos direitos dizem defender, parece-lhe corresponder à verdade? O Síndroma Pós-aborto manifesta-se, de diferentes modos, em 80% das mulheres que praticaram o aborto.
Por um lado, custa-me acreditar que, anualmente, 48 milhões de mulheres se revelem fracas e imaturas por sofrerem dos sintomas associados a este síndroma. É uma forma grosseira e desumana que os defensores do aborto têm para silenciar as vozes destas mulheres. É mais ou menos como dizer "Foste tu que quiseste abortar, por livre opção tua. Agora cala-te". É também uma forma de dizer "Apesar de toda a propaganda abortista com que foste bombardeada, em que te dissemos que tinhas o direito de abortar, em que te assegurámos que o filho que trazias no teu corpo não passava de um monte de células, em que espalhámos a palavra "tolerância" para abafar o total desinteresse que sentimos pelos teus verdadeiros problemas, em que calámos as vozes que te advertiam das consequências... não partilhamos qualquer responsabilidade nessa tua "livre" opção. Simplesmente, não queremos saber".

FdV – Onde e como surgiram esses retiros? Estes retiros surgiram nos E.U.A., por iniciativa da Prof. Drª. Theresa Karminski Burke juntamente com Barbara Cullen que começaram a "Vinha de Raquel" na modalidade de grupo de apoio de 13 semanas, o qual foi, posteriormente adaptado para retiros de fim-de-semana.

    

Os retiros "Vinha de Raquel" vão começar a realizar-se periodicamente em Portugal. O primeiro é no fim de semana de 19 a 21 de Outubro, em Lisboa.

 

Para mais informação sobre o Síndroma Pós-aborto ver os sites do Elliot Institute (http://www.afterabortion.org/)

 

ALGUNS TESTEMUNHOS

«Para uma mulher que sinta necessidade de perdoar-se a si própria por ter feito um aborto, este retiro é um presente maravilhoso que pode dar a si mesma. Há oportunidade de sentir a tristeza, o pesar e a vergonha juntamente com os outros homens e mulheres que passaram pelo mesmo. Vai ser capaz de transformar esta dor em esperança com a ajuda carinhosa de conselheiros que lhe prestam apoio. Não é forçada, a fazer o que quer que seja, mas é-lhe dado tempo para reflectir e abrir-se, gradualmente, ao processo de cura.»

«Durante 18 anos, fui perseguida por uma enorme culpa que ninguém conseguiu aliviar, atormentada por pensamentos de como é que aquela criança poderia ter sido. Através da minha participação na "Vinha de Raquel", consegui finalmente perdoar-me a mim mesma. Sei que Deus pacificou a minha mente, purificou o meu coração e lavou a minha culpa.»

«A Vinha de Raquel, deu-me a oportunidade de dignificar os meus filhos, dar-lhes um nome, chorar a minha perda... finalmente pude falar abertamente da minha culpa num ambiente repleto de amor»