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Se a sua vida ou a de alguém que conhece foi tocada pela dor do aborto,

Vinha de Raquel

Um caminho para recuperar a paz interior

Uma mensagem de esperança para quem foi tocado pela dor do aborto voluntário

A nossa história será com certeza muito semelhante a tantas outras que infelizmente acontecem, atrevemo-nos a dizer, todos os dias!


Tudo começou com um telefonema para o João contando que estava grávida. Lembro-me de estar tão assustada que não sabia o que fazer. A primeira coisa que o João me pediu foi que não abortasse. Tinha para mim que nunca o faria, mas o meu egoísmo e os “meus” planos tornaram a história bem diferente... Na companhia de uma amiga dirigi-me ao centro de saúde para poder confirmar o teste de gravidez e foi no caminho que tive o primeiro sinal de Deus: uma imagem de Nossa Senhora num poste que dizia: “Tem Fé, Eu estou sempre contigo”.

Mesmo sentindo uma presença tão constante de Deus mas, ao mesmo tempo, tão discreta fui tomando a decisão errada. No Centro de Saúde encaminharam-me para o Hospital de Santa Maria onde me marcaram uma consulta prévia para realizar o aborto. Tudo parecia demasiado fácil e tentador, o que aliado ao meu desespero colocou em causa tudo aquilo em que acreditava. Para os médicos, o que tinha não era uma vida, mas sim um conjunto de células. Agarrada a essa ideia, que tornava tudo mais simples e descomplicado, fui em frente com o aborto.

A Vinha de Raquel entrou na nossa vida após uma conversa com um padre amigo e podemos dizer que foi um fim-de-semana realmente transformador. O primeiro passo foi tomarmos consciência que tínhamos um filho no céu, algo que no decorrer de tudo não tínhamos sido capazes e não queríamos sequer interiorizar, simplesmente esquecer. Com a ajuda de toda a equipa que acompanhou o retiro, e através de dinâmicas entre pessoas que passaram pelo mesmo, fomo-nos sentindo amados e acolhidos por Deus, apesar de termos cometido um erro enorme. Assistimos a muitos milagres que foram acontecendo durante o retiro, muito graças a todas as pessoas que de forma silenciosa e anónima rezaram pelo grupo e fizeram Adoração ao Santíssimo durante todo o fim-de-semana.

Gostávamos de salientar a forma como é experimentada a Misericórdia e o Amor neste encontro em primeiro grau com Deus.
Queremos deixar também uma mensagem de esperança a todas as pessoas que se encontram nesta situação: procurem quem vos possa aconselhar com amor. É muito fácil ouvirmos o que queremos, difícil é confiar e entregar a nossa vida a Deus. Por mais espetaculares que os nossos planos possam parecer, os planos que Deus tem para cada um de nós são sem dúvida muito melhores que os nossos próprios planos.

testemunho por Maria e João

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Catequese, a tarefa diz respeito a todos nós

No mês de Outubro, as famílias cristãs são chamadas a cuidar da inscrição dos seus filhos e netos na Catequese, para lhes proporcionar que a alegria da fé comece a despertar e se fortaleça nos seus corações.

As famílias têm o dever de cuidar da transmissão da fé às novas gerações, e estas têm o direito de receber os fundamentos da fé de seus pais e as tradições e valores a ela associados.

Embora se tenha verificado uma dinâmica secularista muito forte na nossa sociedade, as famílias estão a reconhecer a importância da Catequese na formação dos seus filhos, o que é muito positivo e nos deve incentivar a todos nas paróquias a apostar na formação dos catequistas e na formação de adultos, sobretudo através de cursos bíblicos, jornadas do Evangelho, lectio divina, e outras possibilidades para ajudar as famílias a aprofundar a mensagem bíblica.

Recordamos o nº 67 da exortação apostólica Catechesi Tradendae, a Catequese para Hoje, que nos ajuda a refletir sobre a importância da Catequese Paroquial:

“A comunidade paroquial deve continuar a ser a animadora da catequese e o seu lugar privilegiado.” É, por isso, necessário “que se continue a dar-lhe de novo estruturas adequadas, conforme for preciso, e sobretudo novo impulso mediante a integração crescente de membros qualificados, responsáveis e generosos.”

“Dito isto, e tendo em conta a necessária diversidade dos lugares de catequese — a própria paróquia, as famílias que acolhem crianças e adolescentes, as aulas de religião nas escolas do Estado, as instituições escolares católicas, os movimentos de apostolado que mantêm tempos reservados à catequese, os centros abertos a todos os jovens, os «fins de semana» para formação espiritual, etc. — importa sobremaneira que todos estes canais catequéticos convirjam realmente para uma mesma confissão de fé, para uma comum consciência de pertencer à mesma Igreja e para uma fidelidade aos compromissos na sociedade, vividos com o mesmo espírito evangélico: «... um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai ...».”

“(…) Em resumo, sem monopolizar nem querer uniformizar, a paróquia, como se disse acima, continua a ser o lugar privilegiado da catequese. Precisa para isso de reencontrar a sua vocação neste aspeto, que é a de ser a casa de família, fraterna e acolhedora, onde os batizados e confirmados tomam consciência de ser Povo de Deus e onde o pão da boa doutrina e o pão da Eucaristia lhes são repartidos com abundância, no quadro de um único ato de culto (117); é daí que são quotidianamente reenviados para a sua missão apostólica em todos os sectores da vida do mundo”.

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Testemunho

Educação Moral e Religiosa Católica após o 9º ano

Tudo começou quando mudei para o secundário. Até aí nem questionava ter Religião e Moral porque, andando numa escola católica, a questão não se punha, mas com a mudança dei como garantido que nunca mais teria essa disciplina. Quando soube que a minha mãe me tinha inscrito fiquei chateada e revoltada porque achava que era uma vergonha estar inscrita em EMRC no 10º ano.

No princípio recusei-me a ir mas devido à insistência da minha mãe resolvi ir a primeira vez, só para avisar o meu professor que a minha inscrição tinha sido um engano. A aula inicial foi muito chata, os outros alunos eram calados e estranhos assim como a professora. Acabei por ir à segunda, mais uma vez por insistência da minha mãe, e foi nessa aula que surgiu a ideia de um novo projeto: todas as semanas, depois das aulas de sexta de manhã, ir fazer voluntariado a um Centro de Dia ali perto. Não desgostei da sugestão mas quando comecei a pensar que iria perder parte da minha tarde livre, quando soube que iríamos a pé, ainda sem almoço, logo depois de 4h30 de aulas, voltei a desistir. Conversei mais uma vez com a minha mãe e, novamente, ela me disse para ir só uma vez à experiência. E assim fiz. Sexta, depois das aulas, lá fui eu com os meus colegas a pé até ao Centro. Entrei e vi cerca de 20 idosos sentados, parados, desanimados a olhar para nós. Mas esse desânimo transformou-se num sorriso enorme quando lhes disseram que lhes iríamos fazer companhia uma hora por semana. Uma hora! Como seria possível que uma hora lhes fizesse diferença? Mas fez! Durante todas as semanas, durante dois anos, aqueles velhinhos esperavam ansiosamente por sexta-feira. Só para uns minutos de conversa, para um jogo de dominó, para ouvir umas canções ou apenas para nos ver.

Fiquei lá porque percebi que não era só eu que os estava a ajudar a eles, eram principalmente eles que me estavam a ajudar a mim. Muitos deles não tinham família, tinham sido abandonados e maltratados, mas mesmo assim sorriam e tentavam viver um dia de cada vez. Em nós encontraram uma razão de alegria, porque achavam que tinham a sorte de nos ter ali, quando aliás eu é que tinha orgulho em que me chamassem neta.

A eles lhes agradeço por me terem ajudado a crescer, por me terem ensinado que temos de dar valor àquilo que temos, enquanto temos, e agradecê-lo todos os dias a Deus. E à minha mãe, que por me ter inscrito em Religião e Moral, me mostrou que uma hora nossa faz toda a diferença. A eles um OBRIGADO por esta experiência que este ano continua!

testemunho de Eva Irédio

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ComTributo à Igreja

Este é um espaço, onde se pretende, de uma forma sintética, explicar o que de mais relevante há a saber sobre a Amoris laetitia, A Alegria do Amor, a segunda Exortação Apostólica do Papa Francisco.

A Exortação está dividida em nove capítulos, mais a introdução. Todos os meses iremos analisar um capítulo, começando no mês de Outubro pela introdução.

Assim, é escrito pelo Santo Padre, que “A reflexão dos pastores e teólogos, se for fiel à Igreja, honesta, realista e criativa, ajudar-nos-á a alcançar uma maior clareza.”

Ora, este “abrir de jogo” do Papa Francisco, é esclarecedor. Se ao invés de darmos opiniões pessoais, tivermos o cuidado de sermos fiéis ao que a Igreja diz e é, e à sua Tradição, então sabemos qual o ponto de partida para podermos ser verdadeiros no diálogo, sem receio, com vista a chegar a todas as famílias.

Aqui, como em muitas outras temáticas, a discussão está nos extremos: “…desejo desenfreado de mudar tudo sem suficiente reflexão ou fundamentação até à atitude que pretende resolver tudo através da aplicação de normas gerais ou deduzindo conclusões excessivas de algumas reflexões teológicas.”

Assim, como agir perante as resoluções das discussões doutrinais, morais ou pastorais?

“…até que o Espírito nos conduza à verdade completa (cf. JO 16,13), isto é, quando nos introduzir perfeitamente no mistério de Cristo e pudermos ver tudo com o seu olhar.”, é normal que haja várias formas de interpretar a doutrina e a práxis da Igreja. A melhor forma de “…ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado.”

Estamos a viver o Ano Jubilar da Misericórdia, e deste modo esta Exortação é também vista como proposta para as famílias se basearem no amor forte e com valores, sendo que há 4 palavras que poderão ajudar: generosidade, compromisso, fidelidade e paciência.

É muito relevante percecionar que o Papa Francisco tem a preocupação de começar a sua abordagem sempre pela Sagrada Escritura, escrevendo mesmo: “… que lhe dê o tom adequado.” É bonito. É sempre importante ter esta noção.

Tendo em conta que foram dois anos de reflexão, não é aconselhada uma leitura geral apressada. Cada um procure o que mais tem a ver com a sua vida. “É provável, por exemplo, que os esposos se identifiquem mais com o capítulo IV e V, que os agentes pastorais tenham especial interesse pelo capítulo VI, e que todos se sintam muito interpelados pelo VIII. Espero que cada um, através da leitura, se sinta chamado a cuidar com amor da vida das famílias, porque elas «não são um problema, são sobretudo uma oportunidade».”

Feita a introdução, no próximo mês iremos analisar o 1º capítulo, com o título À luz da Palavra.

texto por Bruno de Jesus